iFood anuncia bônus para entregadores e gera críticas de sindicato

iFood anuncia bônus para entregadores e gera críticas de sindicato

A plataforma iFood lançou um pacote de benefícios para entregadores — incluindo bônus de até R$ 3 mil/ano, antecipação de pagamentos e escolha de destino. Apesar da promessa de ganhos de até 30% a mais, representantes da categoria veem riscos de jornadas exaustivas e armadilhas de fidelização.

No início de junho de 2025, a plataforma iFood anunciou um pacote de mudanças no modelo de trabalho dos entregadores que prestam serviço para seu aplicativo — com destaque para bônus, antecipações de pagamento e funcionalidades de escolha de destino. PODER NEWS+2A Crítica+2
Contudo, apesar das aparências de avanço, o anúncio gerou críticas de lideranças da categoria, que apontam que as medidas podem esconder limitações e riscos para quem vive dia a dia das entregas.

O que foi anunciado

Segundo a empresa, o novo programa — denominado “Super Entregadores” — destinará bonificações aos profissionais que se destacarem pela frequência, número de entregas e engajamento. Os ganhos prometidos podem chegar a até 30% acima da média da base. A média de ganho bruto por hora, informada pela empresa, seria de cerca de R$ 28 em 2024. A Crítica+1
Ainda faz parte do pacote:

  • A antecipação de pagamentos — ou seja, o entregador poderá sacar o valor do dia antes, quando quiser. Agência Brasil+1

  • A funcionalidade de escolha de destino — ou seja, permitir que o entregador opte por aceitar entregas para destinos preferidos, como forma de dar mais controle. A Crítica+1

  • Bônus anuais que, segundo a empresa, podem chegar a cerca de R$ 3 mil para os que se qualificarem. Bacana.news Notícias do Pará+1
    A iniciativa vem no contexto de mais de 400 mil entregadores cadastrados na plataforma, responsáveis por mais de 120 milhões de pedidos mensais. A Crítica+1

As reações da categoria

Apesar dos anúncios, representantes de entregadores enxergam a iniciativa com cautela — e em muitos casos, como insatisfatória. Por exemplo:

  • O presidente de uma associação no Distrito Federal apontou que, embora se prometa um aumento de ganhos, estará implícito trabalhar mais — inclusive finais de semana e feriados — para atingir as metas que garantem o bônus. PODER NEWS+1

  • Outro entregador, sindicalista em Pernambuco, afirma que, após dedução de todos os custos (combustível, manutenção, equipamentos, tempo de espera), seu rendimento líquido mensal fica em torno de R$ 1.500, o que mostra uma distância grande entre promessa e realidade. A Crítica+1

  • Especialistas em direito do trabalho afirmam que essa relação de trabalho via app ainda se caracteriza como precarizada: sem férias, sem controle real sobre remuneração, com grande risco de acidentes, etc. Agência Brasil

  • O termo “armadilha” vem à tona porque, segundo os sindicatos, o programa de bônus pode criar dependência à plataforma — o entregador que busca os benefícios terá que aceitar jornadas maiores, aceitar mais entregas, recusar menos, e com isso perde o que sobra de autonomia. Bacana.news Notícias do Pará

O que muda — e o que permanece

O que muda:

  • Potencial de ganhos maiores para quem conseguir cumprir metas e ser classificado como “entregador engajado”.

  • A antecipação de pagamento gera maior liquidez para o trabalhador, o que pode ajudar quem tem apertos financeiros.

  • A opção de escolha de destino pode dar alguma flexibilidade a quem deseja evitar deslocamentos muito longos ou indesejados.

O que permanece ou preocupa:

  • Mesmo com bônus, o valor-base por entrega ou por hora ainda não é transformado de modo a garantir independência ou remuneração fixa decente: o entregador continua arcando com custos como combustível, manutenção, equipamento, aparelho celular, e riscos de trânsito. PODER NEWS+1

  • A exigência de alcançar metas pode levar a jornadas intensas, desgaste físico e psicológico, redução de pausas, menos liberdade de recusar tarefas ou negociar valores.

  • A dependência maior de uma única plataforma — para alcançar bons ganhos — pode fragilizar a posição de entregador (menos poder de escolha, menos diversificação de trabalho).

  • A questão da proteção social: embora o iFood diga oferecer seguro para acidentes, a contribuição para previdência, férias, direito trabalhista pleno ainda são temas pendentes segundo analistas. Agência Brasil

Por que essa mudança agora?

O anúncio chega em um momento de maior pressão dos entregadores, com greves e mobilizações recentes — como a paralisação nacional de entregadores em março/abril de 2025. Poder360
Além disso, a concorrência entre apps, o aumento de regulamentações da economia de plataformas e a pressão por melhor imagem pública também podem ter levado o iFood a anunciar publicamente essas “novidades”.

Qual o impacto para os entregadores?

Para os profissionais que conseguem cumprir as exigências e metas, as mudanças podem significar ganhos melhores do que anteriormente — o que torna a proposta interessante. No entanto, a realidade da entrega mostra que muitos enfrentam jornadas longas, custos altos e riscos de acidentes. Se as medidas não forem acompanhadas de uma base de remuneração justa e de regulação adequada, existe o perigo de que benefícios pontuais sirvam como “colar” para manter trabalhadores em condição vulnerável.

O que observar de perto

  • Se haverá transparência real sobre os critérios para alcançar o bônus e qual o percentual de entregadores que conseguirá de fato atingir esses bônus.

  • Se o valor-base de cada entrega será revisto ou se as condições de trabalho (distância, tempo de espera, recusa de entregas, horário) também serão reguladas.

  • Se ocorrerá supervisão ou regulação externa/estatal para garantir que não haja imposição de jornadas abusivas em nome dos “benefícios”.

  • Qual será a relação entre esse tipo de iniciativa e os direitos trabalhistas tradicionais — se há discussão sobre segurança no trabalho, previdência, férias, etc.

  • E como os entregadores irão reagir: se haverá adesão majoritária ao programa ou se, contrariamente, haverá resistência ou saída para outras plataformas.

Considerações finais

O pacote anunciado pelo iFood pode ser visto como um avanço — oferece benefícios que de fato podem trazer ganhos maiores e melhores condições de pagamento. Mas, ao mesmo tempo, as críticas da categoria levantam que ele pode mascarar problemas estruturais da atividade de entregador por plataforma: remuneração incerta, custos repassados ao trabalhador, pouca proteção social e pressão por volume de entregas.
Para quem atua como entregador ou está pensando em entrar na atividade, o ideal é analisar com cuidado: qual será a sua carga de trabalho para atingir esses benefícios? Quais custos de deslocamento/espera/manutenção você tem? E qual sua liberdade para recusar ou negociar?
Já para empresas e reguladores, fica o desafio de garantir que iniciativas como essa não se transformem em mais um elo de precarização, mas sim em um avanço real para dignificar o trabalho na economia de plataformas.

 


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